quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Cruz Vermelha é suspeita de irregularidades em 4 Estados

Cruz Vermelha é suspeita de irregularidades em 4 Estados
Cruz Vermelha é suspeita de irregularidades e desvio de dinheiro de doações

Ligada a uma das principais entidades assistenciais do mundo, a CVB (Cruz Vermelha Brasileira) é alvo de investigações em quatro Estados sob suspeita de desvio de recursos. O órgão nega irregularidades.

Há apurações em curso no Rio, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e na Paraíba.

A CVB nacional iniciou, em 2011, três campanhas cuja arrecadação é desconhecida. Segundo órgãos da própria Cruz Vermelha, o dinheiro não chegou às vítimas das chuvas no Estado do Rio, do tsunami no Japão e da fome na Somália.

O caso foi revelado nesta semana pela revista "Veja".

A Cruz Vermelha tem sede na Suíça. No Brasil, há um órgão central (CVB nacional) e filiais estaduais e municipais, que têm autonomia para campanhas e convênios.

A denúncia partiu da filial de Petrópolis (RJ), que diz não ter recebido nenhum recurso para as vítimas das enchentes. "As pessoas doam não se sabe quanto e não se sabe a destinação", diz a presidente da filial, Letícia Chelini. A polícia investiga o caso.

"Solicitamos o valor arrecadado para o Japão, mas a CVB não respondeu", diz o representante da Federação Internacional da Cruz Vermelha na América do Sul, Gustavo Ramirez. O mesmo ocorreu com o Comitê Internacional da CV, que quis saber quanto havia sido doado para a Somália.

O dinheiro das três campanhas foi depositado em duas contas da filial do Maranhão, presidida por Carmen Serra, irmã do presidente da CVB nacional, Walmir Serra Júnior.

Em meio à crise, uma comissão interna de finanças que deveria acompanhar o trabalho da CVB nacional foi destituída pela Justiça, a pedido de membros da entidade ligados à presidência.

Segundo a presidente da filial de Petrópolis, a gestão anterior à dela fez desvios de R$ 6 milhões --metade disso de um contrato com o governo do Distrito Federal para gerir duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) em Brasília.

"O dinheiro entrou na conta da filial e em 15 dias não tinha nada. O serviço nunca foi prestado", diz Chelini.

Em Balneário Camboriú (SC), onde a CV gaúcha administrava um hospital, uma CPI municipal concluiu que R$ 1,7 milhão foi desviado para as contas da filial do Maranhão.

O contrato foi suspenso e 16 pessoas foram indiciadas, incluindo Serra Júnior, presidente da CVB nacional, e seu vice, Anderson Choucino.

Na Paraíba, a Justiça do Trabalho condenou a mesma filial gaúcha a pagar R$ 20 milhões de indenização por danos morais por firmar parceria "irregular" para gestão do Hospital de Trauma. O órgão recorreu da decisão.

OUTRO LADO

O presidente interino da CVB nacional, Anderson Choucino, nega as irregularidades e diz ter criado uma comissão interna para averiguar quanto foi arrecadado para Japão, Somália e Rio.

"Não temos a informação exata de quanto foi. Vamos divulgar o que de fato foi arrecadado, e os recursos serão investidos", afirma.

O presidente da CVB nacional, Walmir Serra Júnior, licenciou-se do cargo na semana passada por causa de problemas de saúde na família, diz o presidente interino.

Segundo Choucino, as campanhas utilizaram duas contas da filial do Maranhão porque a CVB nacional tem dívidas trabalhistas e não pode abrir contas em seu nome. Da mesma forma, diz, a filial do Rio tem pendências que não lhe permitiam abrir conta.

A irmã do presidente da CVB nacional, Carmen Serra, diz que os valores depositados nas contas do Maranhão só poderiam ser divulgados pela CVB nacional.

O presidente da Cruz Vermelha do Rio Grande do Sul, Nício Lacorte, nega irregularidades na gestão dos hospitais em Santa Catarina e na Paraíba.

Redação com Folha Online

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