quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

 
EDITORIAL Notícia da edição impressa de 20/02/2014

A busca da verdade social que atormenta o Brasil


O Brasil parece mesmo destinado a ter uma bipolaridade socioeconômica. Ora somos o País da moda, em outros dias surgimos à beira do abismo fiscal, da balança comercial e do crescimento deficitários. O Brasil dos movimentos sociais, que descambaram, através de uma pequena parcela, para a desordem, a depredação e, finalmente, para o assassinato de cinematografista, precisa saber a sua verdade. Uma inquebrantável busca da verdade é que poderá corrigir os erros de governos que praticam um irracionalismo unilateral. Não podemos, para entender os problemas que nos assolam, dissociarmo-nos da sociologia social. Sem esquerdismos nem direitismos, dicotomia que só nos tem atrasado, temos, sim, condições de nos guiarmos em busca de dias melhores, sem as peias das paixões irracionais. A cura social virá com a remoção dos obstáculos que nos impedem de agir. Porém, dentro da ordem, do planejamento, da disciplina e da consciência coletiva positiva.

Recorde-se que não há fórmulas de autoajuda social para se obter a felicidade ou a paz de espírito. O Brasil deve interrogar-se antes de se tranquilizar para o futuro. O brasileiro de hoje sente-se bastante inquieto e, geralmente, perplexo. Labuta, mas tem uma vaga consciência da futilidade dos seus esforços. Enquanto cresce na sua vida individual com a onda de consumo desde automóveis até viagens ao exterior, sente-se impotente em sua vida espiritual, individual e social, perdendo de vista o que dá significado a tudo, o próprio ser humano.

Em 2009, a Economist Intelligence Unit (EIU), centro de pesquisas da revista britânica The Economist, divulgou que “o Brasil está na moda e no caminho para um crescimento sustentado da economia acima de 5% ao ano”. Na onda do otimismo em relação ao País, a revista citava a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016 e projetava crescimento de 7,8% para 2010, acima dos surpreendentes 7,3% previstos pelo Banco Central (BC).

Claro, as previsões caíram, e o Produto Interno Bruto (PIB) de 2012 ficou em irrisórios 0,9%, com 2,51% no ano passado. No entanto, incrivelmente e comprovando a bipolaridade socioeconômica, o Brasil é 4º país mais atraente ao capital externo. Foram, só nos últimos dez anos, € 131 bilhões investidos aqui, apenas atrás da China, Estados Unidos e Índia.

O obstáculo, porém, é que esses investimentos não foram destinados à inovação ou em pesquisa, e sim para atender a um mercado local em crescimento e também no setor de produtos primários. As estimativas apontam que 980 projetos desembarcaram no País entre 2003 e 2013, criando mais emprego do que nos EUA. No Brasil, as multinacionais geraram 411 mil postos de trabalho entre 2003 e 2012. Nos EUA, o volume de investimentos estrangeiros gerou 410 mil empregos. Por esse critério, o Brasil só perde para a China e Índia em termos de empregos gerados graças aos investimentos externos, porém, os gargalos na infraestrutura continuam um grave problema.

Neste ano de 2014, podemos avançar ou ter dias tenebrosos, social, econômica e politicamente falando. Entretanto, Platão perguntava quem eram os filósofos no seu tempo. E ele mesmo respondia: são aqueles que amam comtemplar a verdade. E a verdade, que liberta, aparecerá neste ano de 2014, com a Copa do Mundo e as eleições.


EDITORIAL Notícia da edição impressa de 20/02/2014

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