segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Partidos recrutam famosos para tentar repetir fenômeno Tiririca nas eleições de 2014

Partidos recrutam famosos para tentar repetir fenômeno Tiririca nas eleições de 2014
De olho nos chamados puxadores de voto na eleição, os partidos fizeram uma maratona para filiar o maior número de celebridades que devem concorrer a uma vaga no Legislativo em 2014. A ideia é repetir o que aconteceu com a eleição de Tiririca (PR-SP): com 1,35 milhão de votos em 2010, o palhaço levou três deputados de sua coligação em sua cola: Otoniel Lima (PRB), Vanderlei Siraque (PT) e Protógenes Queiroz (PC do B).

Entre os recrutados estão o jogador de vôlei Giba (PSDB-SP), a socialite Narcisa Tamborindeguy (PSDB-RJ), o ex-BBB Kléber Bambam, o estilista Ronaldo Ésper e a musa dos caminhoneiros Sula Miranda - os três pelo PRB-SP, o pagodeiro Belo (PP-RJ), o cirurgião plástico das estrelas Dr. Rey (PSC-SP), o nadador Fernando Scherer (PSB-SP) e o cantor José Rico (PMDB-GO), que faz dupla sertaneja com Milionário.

No caso de Narcisa, sua filiação já deu o que falar. Ela se filiou ao PSD por engano e, depois que foi avisada do erro, teve de se desfiliar e em seguida entrar no partido certo, o PSDB.

Bernardinho, técnico da seleção masculina de vôlei, é cotado para disputar o governo do Rio de Janeiro. Já Marcelinho Carioca saiu do PSB em busca de maior projeção no PT de São Paulo. E Raul Gil Jr, filho do apresentador Raul Gil, saiu do PSC para o PR.

O cientista político David Fleischer vê com bons olhos o fenômeno e diz que a estratégia pode fazer bem para a renovação do parlamento. “Pode ser uma pessoa que vai chegar sem ideias viciadas e vai aprendendo como um novato, e de uma certa maneira é interessante. Mas não é bom ter um Congresso sem experiências”, pondera. Fleischer cita o deputado Romário (PSB-PR), eleito pela fama de jogador de futebol, como exemplo de um novato que fez a diferença. “Ele conseguiu tomar pé logo das coisas e conseguiu assumir logo causas importantes”, ao contrário de Tiririca que, segundo o Fleischer, mantém um mandato com pouca relevância.

O grande responsável pela procura de nomes famosos é o sistema representativo proporcional adotado na democracia brasileira. Para determinar os eleitos, calcula-se o coeficiente eleitoral, que é o número de votos válidos dividido pelo número de cadeiras. Divide-se, então, o número de votos de cada partido por esse coeficiente, e assim é determinado o número de cadeiras de cada sigla. Para mudar isso, só uma reforma eleitoral.

Aldo Fornazieri, diretor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, diz que é difícil limitar a estratégia sem uma reforma, pois seria limitar direitos políticos dos cidadãos. E é difícil repetir o efeito Tiririca, pois, depois que ele foi eleito, as pessoas começaram a ficar “mais críticas” com os votos em celebridades.

Fornazieri diz que o método agrava a falta de credibilidade dos partidos brasileiros. “Se os partidos políticos tivessem credibilidade no País, não abalaria. O eleitor entenderia como uma coisa de momento, de conjuntura. Mas como os partidos não têm (credibilidade), só piora a avaliação do eleitorado”, avalia.

 IG 

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