quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Renan provoca racha interno no PMDB

Renan provoca racha interno no PMDB
Maior partido em tamanho no Congresso, o PMDB sofre um racha interno provocado por peemedebistas que disputam as lideranças do partido na Câmara e no Senado. Enquanto a sigla está unida em torno das candidaturas do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e do deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para as presidências das duas Casas, não há consenso sobre os nomes que vão ocupar as lideranças.


Deixado de escanteio da liderança do governo no ano passado, Romero Jucá (PMDB-RR) disputa o cargo de líder do PMDB no Senado com Eunício Oliveira (PMDB-CE). Jucá ameaça levar a decisão para o voto depois que o partido lhe ofereceu a segunda vice-presidência do Senado -mas o peemedebista deseja voltar à liderança, cargo com maior visibilidade e atuação.


Eunício diz ter o apoio de Renan e da cúpula da sigla, em acordo firmado no ano passado quando o candidato à Presidência do Senado deu início às conversas parase eleger ao comando da Casa.


Na terça-feira, em almoço patrocinado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a cúpula peemedebista tentou convencer Jucá a sair da disputa. O vice-presidente, Michel Temer, entrou em cena para evitar que o racha interno provoque rusgas na candidatura de Renan -que declarou seu voto em Eunício. A bancada do PMDB se reúne amanhã para anunciar o nome de Renan e bater o martelo sobre o nome do novo líder.


Na Câmara, o cenário é de uma bancada rachada em três. Todos os candidatos, Sandro Mabel (GO), Eduardo Cunha (RJ) e Osmar Terra (RS), dizem ter votos suficientes para levar a disputa a um segundo turno. A escolha do novo líder do partido na Casa está prevista para acontecer no próximo domingo. Numa tentativa de acalmar os ânimos internamente, os três devem se reunir hoje tendo como uns dos itens da pauta um acordo de não agressão até o dia da eleição.


“Não acho que ganho no primeiro turno, mas serei o primeiro colocado”, disse Cunha à reportagem. “Estou no segundo turno. Estão tentando canibalizar os meus votos”, disse Terra em referência aos boatos de que atuaria numa linha de oposição, em razão de ter votado em 2010 na candidatura de José Serra (PSDB) à presidência da República. De sua parte, Mabel tem andado com uma lista com nomes de supostos apoiadores à sua campanha, no qual também diz ter a maioria dos votos.


Em nota, PSB retira o apoio


Brasília (Folhapress) - Senadores do PSB divulgaram nota ontem em que defendem que o PMDB escolha um candidato à Presidência do Senado capaz de “recuperar a credibilidade” da Casa. O grupo de quatro senadores afirma que, além de uma plataforma de trabalho que resgate a imagem do Senado, o novo presidente precisa representar o “ideal de renovação” - num recado para que os peemedebistas não formalizem a indicação de Renan Calheiros (PMDB-AL) para disputar o cargo.


O PSB integra a coligação de partidos que apoiam o governo federal, que tem como vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), presidente de honra do PMDB. Embora a nota não mencione o nome de Renan, senadores do partido admitem votar contra o peemedebista na eleição para a Presidência do Senado, marcada para sexta-feira.


“Para bom entendedor, meia palavra basta. Não é apenas a questão do nome [do Renan], mas de todo o processo de escolha do candidato. Estamos há dois dias das eleições, o PMDB quer escolher o seu nome apenas na quinta-feira. Não há um processo de ideias. Vamos como carneiros para essa discussão?”, questionou a líder do PSB, senadora Lídice da Mata (BA).


A nota é assinada pelos quatro senadores do PSB: Lídice, Rodrigo Rollemberg (DF), Antônio Carlos Valadares (SE) e João Capiberibe (AP). Segundo a senadora, a bancada vai votar “unida” no novo presidente. O partido espera que o PMDB escolha outro nome, mas cogita apoiar um senador “independente” se Renan for mantido na disputa pelos peemedebistas.


A bancada se irritou depois que a Mesa Diretora do Senado divulgou tabela em que considera apenas três senadores do partido - uma vez que Capiberipe assumiu seu mandato no ano passado, depois de ser barrado pela lei da ficha-limpa. O parlamentar tomou posse de sua cadeira depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou a validade da lei nas eleições de 2010.


Com essa divisão de tamanho, o PSB perde a possibilidade de disputar a quarta secretaria do Senado com o DEM, que também possui quatro senadores. A manobra, segundo alguns senadores do partido, poderia ser estratégia da campanha de Renan para assegurar apoio do DEM na eleição.


A bancada do PMDB se reúne hoje para formalizar o nome de Renan, que ainda não se declara candidato. O líder do PMDB é favorito para ganhar as eleições. Até agora, apenas o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) lançou seu nome na disputa.


ONG protesta com vassouras


Brasília (Folhapress) - Em protesto contra a candidatura de Renan Calheiros (PMDB-AL) à Presidência do Senado, manifestantes da ONG Rio de Paz colocaram ontem 81 vassouras e baldes no gramado em frente ao Congresso Nacional. O protesto defende uma “faxina” no parlamento para evitar que o peemedebista seja eleito na próxima sexta-feira.


À tarde, os integrantes da ONG vão tentar lavar a rampa do Congresso em continuidade às manifestações contra a escolha de Renan, mas negociam autorização da Polícia do Senado para a realização do ato. Mais cedo, representantes do grupo foram barrados ao tentar entrar na Casa para negociar com o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) a liberação do protesto.


“A ideia é terminar o ato com a lavagem da rampa. A Polícia do Senado disse que só teríamos acesso à rampa se um senador autorizar. Fomos barrados mesmo depois que o senador disse que nos ajudaria. Somos conhecidos como uma ONG pacífica, nos barrar é um tiro no pé”, disse o fundador da Rio de Paz, Antônio Carlos Costa.


A ONG reúne assinaturas numa petição online em defesa de um presidente “ficha-limpa” para o Congresso -que tem a adesão de 79 mil pessoas. No documento, o grupo afirma que o retorno de Renan à Presidência do Senado é um “tapa na cara da sociedade brasileira e mais um passo das lideranças políticas que hoje controlam o Congresso Nacional para a desmoralização do parlamento”.


A entidade afirma que as denúncias contra Renan, agravadas com denúncia do procurador-geral da República contra o senador encaminhada ao STF (Supremo Tribunal Federal) na última sexta-feira, torna “inaceitável” que o peemedebista retorne ao cargo.


“São informações inaceitáveis e repugnantes contra o Renan. Não somos um movimento anti-corrupção, mas a corrupção ajuda a matar. Por isso, temos que nos mobilizar”, afirmou Costa.


Renan é o favorito na corrida pelo comando do Senado, com apoio do Palácio do Planalto. Em 2007, o senador teve que renunciar ao cargo de presidente da Casa em meio a uma série de acusações - entre elas, a de usar recursos de uma empreiteira para pagar pensão à sua filha com a jornalista Mônica Veloso.


A renúncia fez parte de acordo firmado com os parlamentares para Renan preservar seu mandato. O peemedebista foi absolvido duas vezes pelo plenário da Casa nos processos de cassação. Desde o ano passado, negocia seu retorno à Presidência, com o aval da cúpula do PMDB.


FOLHA

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