Eucalipto é usado na geração de energia
Em projeto pioneiro para o setor, planta baiana da Dow promete
reduzir em um terço as emissões de gases
É do vapor do eucalipto que a petroquímica multinacional Dow pretende
extrair até dois terços da fonte de energia para operação do complexo fabril em
Aratu, no município de Candeias (BA). Em um setor tradicionalmente poluidor, a
empresa está em fase final de instalação de uma planta que viabilizará a geração
de energia por meio do vapor de eucalipto, em parceria com a Energias Renováveis
do Brasil (ERB). “Trata-se de um projeto pioneiro no mundo de produção de vapor via biomassa para uma
petroquímica”, diz Claudia Schaeffer, diretora de Energia e Mudanças Climáticas
na Dow América Latina.
O vapor será 100% produzido a partir da combustão de cavaco de
eucalipto. Com o novo processo, a empresa estima que 169 mil toneladas de
dióxido de carbono deixarão de ser lançadas na atmosfera por ano. Uma redução de 33% em relação às
emissões de Aratu no ano passado.
Segundo Suani Coelho, coordenadora do Centro Nacional de Referência em
Biomassa, o processo já é amplamente utilizado nos setores sucroalcooleiro (via
bagaço de cana), papel e celulose (com o próprio eucalipto) e de serrarias.
“Fora do Brasil, em países como Quênia e Uganda, esse processo é usado nas
fábricas de chás”, compara.
Entre as petroquímicas, no entanto, o uso de fontes de energias
sustentáveis não é recorrente. Mas a especialista alerta que o custo da biomassa
é determinante para o sucesso do processo. “A biomassa é totalmente afetada pelo
custo da logística. Caso as condições sejam favoráveis, o custo da geração de
energia pode ser reduzido.”
Segundo cálculos da própria Dow, com o novo projeto, o custo da energia, que
atualmente está na casa dos US$ 14 por BTU com o uso do gás natural, deverá cair
para US$ 8 por BTU, uma redução de 43%. “Nos Estados Unidos, esse custo é de US$
3”, compara Claudia.
No projeto, a ERB investiu R$ 265 milhões na construção da unidade de
cogeração de vapor e energia elétrica no complexo fabril de Aratu, a maior
instalação da Dow no Brasil. A Dow, por sua vez, fechou um contrato de 20 anos
para a compra da energia gerada por meio do vapor da
biomassa.
O projeto também terá a cogeração de 12 MW de energia elétrica, que será
comercializada por meio da rede elétrica da Bahia. O volume é suficiente para
suprir o consumo mensal de 56 mil casas.
Segundo a diretora de Energia e Mudanças Climáticas da Dow, a previsão é que
as operações com energia de vapor de eucalipto comecem em setembro de 2013.
“Nossa meta é operar dois terços do complexo fabril com biomassa e um terço com
gás. Esperamos estar rodando dentro dessa situação no segundo semestre de
2014.”
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