sexta-feira, 22 de julho de 2011

Coordenadora lamenta falta de atenção do governador com Festival de Inverno de CG: “ele humilha, desrespeita e ofende”



A Coordenadora de Dança do Festival de Inverno de Campina Grande, Mirna Maracajá, publicou artigo denunciando a falta de atenção do governador do Estado, Ricardo Coutinho, para com o Festival de Inverno de Campina Grande. Segundo ela, o governador “humilha, desrespeita e ofende a história dos 36 anos do Festival”.

Mirna e outros ativistas culturais da cidade estão denunciando que o governador sequer recebeu a comissão organizadora do evento para discutir o patrocínio do Governo do Estado. “O Senhor entrará para essa História, tenha certeza! Será lembrado como o único governador que sequer recebeu a presidente-fundadora do Festival e nem a comissão organizadora. O vosso Secretário da Cultura também não nos recebeu. A migalha foi anunciada por telefone, pois o senhor, governador, sequer gastou uma folha de papel de vosso gabinete”.

Veja o artigo, na íntegra:

Migalha não, Governador!

Myrna Maracajá*

Governador, o Festival de Inverno de Campina Grande não é um menino de calças curtas. Não é um evento. Não é uma festa. É uma instituição, um patrimônio imaterial da cultura paraibana e por que não dizer do Brasil. É o terceiro mais antigo Festival de arte do nosso país. Respeitado e premiado, artistas nacionais e internacionais disputam, todos os anos, uma chance para mostrar seus trabalhos em uma das maiores vitrines culturais do Brasil. Acumula estantes abarrotadas de medalhas, troféus e placas. Do ouro ao bronze, o Festival recebe homenagens, anualmente, em todo o país.

É um Festival que não se mostra apenas no mês de julho. Trabalha o ano inteiro, através de projetos permanentes, como o Bloco da Saudade, o Projeto Cultura no Presídio (que até já foi exibido no Programa Fantástico da Rede Globo de Televisão) e o Folias de Natal.

Esse Festival, Governador, enfrentou a ditadura, passou pela redemocratização do país e chegou ao século XXI, sempre renovado e sintonizado com o que há de mais contemporâneo na linguagem artística. De Ernani Sátyro a Maranhão, todos os governadores o apoiaram e ampararam, acima de todas as macaquices e tranquibernices da politicagem indecente e obscena que, muitas vezes, liderou a cena política da Paraíba.

A migalha palaciana ofertada por Vossa Excelência humilha, desrespeita e ofende a História de 36 anos de nosso Festival. O Senhor entrará para essa História, tenha certeza! Será lembrado como o único governador que sequer recebeu a presidente-fundadora do Festival e nem a comissão organizadora. O vosso Secretário da Cultura também não nos recebeu. A migalha foi anunciada por telefone, pois o senhor, governador, sequer gastou uma folha de papel de vosso gabinete. A posição maior de um governante é elevar-se acima de seus desafetos, da vaidade pessoal e dos interesses inconfessáveis. Uma cidade e suas manifestações artístico-culturais não podem ser penalizadas.

Campina Grande não é terra sem dono, não é um quintal onde se possam ensaiar munganguices de crianças bicudas e birrentas. Nossa cidade, governador, como cantou Marinês, gosta de tudo grande e não se rende a mesquinharias e rabugices. Podem estrebuchar, abocanhar, saltitar, ameaçar, perseguir, intrigar, que tudo será menor. Maior é Campina.

O Festival não quer “mamar” nas tetas do Estado, como acusam alguns. O Solidarium – Instituto de Arte, Cultura e Cidadania – realizador do Festival, trabalha arduamente para captação de recursos, tanto é que conseguiu apoios significativos e decisivos, como os da Chesf e da FUNARTE, entre outros. As despesas de um Festival desse não são reduzidas a passagens aéreas, cachês, hospedagem e alimentação. Exige uma infra-estrutura gigantesca, além das muitas mãos e braços que o colocam em cena.

O artigo 215 da Constituição Federal diz que o Estado deve garantir, apoiar e incentivar as manifestações culturais. O Governo do Estado da Paraíba, embora não o confesse abertamente, demonstra total desinteresse pelas manifestações culturais de Campina Grande, esquecendo-se de honrar os votos que recebeu de nossa cidade. Certamente esse descaso é para desprestigiar a administração do prefeito Veneziano Vital do Rêgo, que arcará com a maior parte do custo do nosso Festival.

Nos últimos anos, a Prefeitura Municipal de Campina Grande tem sido uma força indispensável para o Festival de Inverno. Homem honrado, de estirpe, que carrega no sangue o DNA do humanismo, sensibilidade e justiça social, Veneziano fará o Festival. Ele, sim, está acima das picuinhas, da inveja engasgada e dos trangalhadanças do cortejo oficial e demais alcaiotas.

Campina é maior, sim! O Festival de Inverno de Campina Grande é maior! De 22 a 31 de julho, Campina será brindada com o melhor da música, dança e teatro de nosso país. Acima de todas as macaquices, podemos gritar: “O espetáculo já vai começar!”.

*Coordenadora do Encontro de Dança do XXXVI Festival de Inverno de Campina Grande

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