domingo, 24 de julho de 2011


No Cariri, falta de chuvas e até o excesso causou perdas de mais de 70% da produção




No Cariri paraibano, os agricultores da região semiárida novamente refizeram um ritual que já dura séculos e que a cada ano se repete entre os meses de janeiro a março, numa demonstração de confiança, resistência e fé em sobreviver numa das regiões mais secas e áridas do País. Para muitos, essa fé depositada no dia de São José, considerado padroeiro dos agricultores, de que o inverno será satisfatório e de que o ano será de uma boa colheita, não passa de teimosia em jogar a semente no solo seco à espera das chuvas. É como se o agricultor do Cariri plantasse a semente da esperança, para colher o grão da incerteza. Mas o resultado dessa soma da fé e do pesado trabalho braçal, independe de políticas públicas governamentais voltadas à agricultura familiar.

Na cidade de Queimadas, localizada no Cariri Oriental, a 138 km da capital, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca do Estado da Paraíba (SEDAP-PB), distribuiu 05 toneladas de milho e 03 toneladas de feijão, no início do ano, entre cerca de 1.200 agricultores do município. Com o plantio de 20 Kg de milho e 12 Kg de feijão por hectare, a previsão de safra para este mês de julho, poderia atingir até a marca de 300 t de milho e 150 t de feijão. No entanto, segundo o Secretário Municipal de Agricultura, Jair da Silva Ramos, o excesso de chuvas em janeiro, transformou as estradas vicinais em atoleiros, impedindo que os tratores pudessem fazer o corte da terra. Nos meses de fevereiro e março as chuvas caíram de forma irregular no período de floração prejudicando os agricultores. Em maio, o excesso de chuvas destruiu residências, provocou alagamentos, rompeu barragens e açudes e alagou as áreas já plantadas, obrigando o Governo Federal a reconhecer o Estado de Emergência, decretado pelo município.

As chuvas excedentes na região do Cariri Oriental fizeram falta em outras partes. Na cidade de São João do Tigre, localizada no Cariri Ocidental, a 376 Km da capital, a SEDAP distribuiu 2,5 t de sementes de milho e 800 Kg de sementes de feijão, a cerca de 270 agricultores, que fizeram a semeadura ainda no mês de janeiro. Segundo José Carlos Vasconcelos, Secretário Municipal de Agricultura, as sementes de milho e feijão germinaram, mas não se desenvolveram devido à falta de chuvas. Em março, com a chegada de mais um período chuvoso, os agricultores fizeram a "replanta" dos grãos, mas novamente faltou chuva quando era mais necessária e as bonecas (espigas) de milho não cresceram.

Em São Sebastião do Umbuzeiro, também localizada no Cariri Ocidental, a 353 Km da capital, foram distribuídas 3,7 t de milho e 1,5 t de feijão a cerca de 420 agricultores, segundo o Secretário Municipal de Agricultura, Jaílson Freitas Nunes. Os agricultores fizeram o plantio entre os meses de março e abril, com perspectiva de colheita neste mês de julho, mas a situação foi similar a outros municípios da região do Cariri Ocidental. Durante todo o mês de março, o índice pluviométrico registrado na região, foi de apenas 40mm de chuvas.

Os secretários municipais de agricultura da região, calculam uma perda de cerca de 70% da produção de grãos na região e informaram que já foi encaminhada solicitação ao escritório da Emater-PB local, para que seja feita vistoria e consequentemente a emissão de laudo comprobatório de perda de safra, para que os agricultores tenham direito ao recebimento do Seguro Garantia Safra.

Clik Pb \ Chico Lobo

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